domingo, 22 de agosto de 2010

Folclore Gaúcho 4

Crendices extraídas do livro Guia do folclore gaúcho
Augusto Meyer - Ediouro - 1975

Aroeira - O cerne da aroeira (Lithraea Brasiliensis Mart.) é um dos "paus" mais estimados pelos gaúchos, como esteios ou moirões de grande durabilidade. Mas a árvore é temida por seus eflúvios, que em certas pessoas provocam grandes irritações de pele. Para precaver-se do mal, deve o campeiro, antes de atacar o tronco a machado, saudar por três vezes com profundo respeito o vegetal a um tempo temido e estimado. Também no tratamento da erupção que provoca, é uso saudar um ramo de aroeira, observando, todavia, o seguinte ritual: se é de manhã, dizer "Boa tarde, dona aroeira!" e, de tarde: "Bom dia, dona aroeira!".

Caveira de boi - A caveira de boi usada pelos nossos campeiros como espantalho de pássaros em suas lavouras sugeriu a Apolinário Porto Alegre uma pesquisa interessante: interpretou-a o mestre da Casa Branca, em seu Popularium, como antiga superstição sobrevivente, ligada aos casos de mau-olhado ou quebanto. Como na Índia e na África os crânios de animais e cifres pendentes de árvores ou colocados no alto de postes, em meio das plantações, serviria a nossa caveira de boi para desviar o mau-olhado, que faz a lavoura desmedrar. "E tanto deve ser assim, que entre os nossos vizinhos a crença no mau-olhado com relação às plantas é vivaz e profunda", comentava Apolinário.

Esconjuro - Para limpar as lavouras da praga das lagartas, há o seguinte esconjuro que Alfred Funke registrou na Costa da Serra:

Bons dias, lagartas
A planta que comeis
E a Deus não louvais,
Amaldiçoadas sejais!
Por São Pedro e São Paulo
E a todos os santos
Da corte do céu:
Deixai esta planta
Que é meu alimento,
E as folhas do mato virgem
Serão vosso sustento.

A imprecação deverá ser lançada numa sexta-feira, antes do raiar do sol, de três cantos da roça, ficando livre o outro ângulo para a saída imediata dos bichos daninhos.

Fogo morto - A superstição do "fogo morto" até princípios deste século achava-se muito difundida entre carreteiros, tropeiros, maiorais de diligência e viajantes, que evitavam sempre, à hora do pouso ou da sesteada, fazer fogo sobre os vestígios de um fogão, isto é, sobre as cinzas ou tições apagados de uma fogueira feita anteriormente, no mesmo lugar de pouso. Quem aproveitava um fogo morto fatalmente era corrido pelas maiores desgraças. Callage recolheu da boca de um campeiro um desses casos, apresentado em versão literária (v. No fogão do gaúcho, Globo, 1929, p. II sgs).

Tesouros - A tradição de tesouros enterrados, ou escondidos concentrou-se quase toda na região missioneira. As salamancas, os cerros bravos, a casa de Mbororé são mitos da mesma família. Mas especialmente em São Miguel é que se manteve por mais tempo essa crendice. Todos os visitantes das famosas ruínas referem-se às escavações na área da igreja, do cemitério e das imediações da quinta. Os mais esmaniados acampavam no povo, para uma prospecção

Nota do Cohen: Pequeno dicionário / guia do folclore, utiliza-se da idéia de verbetes para explicá-los com detalhes sobre cada item. Contém ilustrações e a maioria das cousas gaúchas.


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